Ano VII - Nº 27 - Dilemas Práticos dos Professores - Agosto à Outubro
2003
Entrevista
António Nóvoa
"Os professores estão na mira de todos os discursos. São o alvo mais
fácil a abater"
Ser professor é o mais impossível e o mais necessário de todos os
ofícios. Quem afirma é o educador português António Nóvoa, vice-reitor
da Universidade de Lisboa. Doutor em Educação e catedrático da
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de
Lisboa, Nóvoa preside a Associação Internacional de História da
Educação e é bastante conhecido dos professores brasileiros, que
costumam lotar suas conferências. "Ser professor implica um corpo-a-
corpo permanente com a vida dos outros e com a nossa própria vida.
Implica um esforço diário de reflexão e de partilha", diz Nóvoa nesta
entrevista, concedida à Pátio por e-mail pouco antes de vir ao Brasil
para participar do Congresso Internacional sobre Avaliação na
Educação, em Curitiba, e do II Congresso de Educação do Marista de
Salvador, ambos em julho. Ao longo da conversa, fica clara a
importância que António Nóvoa atribui à cooperação e ao intercâmbio
nas escolas para o exercício do impossível e necessário ofício de
professor. "Ninguém é professor sozinho, isolado. A formação exige
partilha. A atividade docente necessita de dispositivos de
acompanhamento", afirma. Esta e outras idéias são discutidas a seguir,
com a lucidez e a clareza que caracterizam o pensamento de António
Nóvoa.
Pátio - Estão acontecendo reformas educacionais em vários países do
mundo. Como o senhor vê essas reformas e qual a possibilidade de elas
terem efeitos duradouros em uma instituição como a escola, que é
sabidamente resistente a mudanças?
António Nóvoa - Vivemos em uma sociedade do espetáculo e do consumo. A
mídia dramatiza os debates educativos, por vezes até o limite do
insuportável, e impõe-nos idéias feitas, rankings, classificações e
hierarquias que servem aos propósitos de uma relação consumista com a
escola. Os alunos e as famílias são vistos como "clientes" que devem
proteger os seus interesses. É uma atitude legítima, pois, quando não
há um projeto coletivo coerente, prevalecem os interesses individuais.
Porém, é uma atitude que condena, a longo prazo, a concepção da
educação como um "bem comum". Muitas reformas educacionais atuais são
portadoras dessa "educação bancária", uma nova versão daquela que há
tempos foi denunciada por Paulo Freire. Agora, não é tanto a relação
professor-aluno que está em causa, mas sim a relação escola-família.
Na minha opinião, é bom resistir a essas mudanças.Temos tendência para
encarar a mudança como um "valor positivo". Infelizmente, muitas vezes
muda-se para pior! A educação exige grande serenidade e bom senso. Não
podemos correr atrás da primeira moda!
Pátio - O que lhe parece que seria necessário em uma "mudança para
melhor"?
Nóvoa - São três os aspectos que me parecem centrais na refundação da
escola: uma nova organização do trabalho escolar, uma nova relação com
o espaço cultural e uma nova concepção do conhecimento. Quero referir-
me, em primeiro lugar, à necessidade de adotarmos formas inovadoras de
trabalho, quebrando a rigidez tradicional do "modelo escolar" e
desenvolvendo práticas de diferenciação pedagógica, de redefinição dos
espaços e tempos letivos, de gestão integrada dos ciclos de
aprendizagem, de reconceitualização do currículo. Em segundo lugar,
quero salientar a importância de repensar o lugar da escola, já não
como um "templo do saber", recolhido e isolado da sociedade, mas como
uma "peça" (uma peça importante, mas apenas uma peça!) de um espaço
cultural habitado por saberes e instituições que devem tomar parte
ativa no esforço de educar e de formar. Por último, quero chamar a
atenção para a urgência de romper com concepções excessivamente
"clássicas" do conhecimento, abrindo o currículo à contemporaneidade
(cultural, artística, científica, tecnológica) e favorecendo a
reflexão crítica sobre o próprio saber.
Nada disso é novo. Há muito que sabemos o que é preciso fazer. Agora,
é preciso ter a coragem de fazer. Não é uma questão de boas intenções.
É uma questão de vontade e de competência.
Pátio - Hoje em dia, fala-se muito em profissionalização dos
professores. O que é preciso para se efetivar realmente essa
profissionalização?
Nóvoa - Os professores estão na mira de todos os discursos. São o alvo
mais fácil a abater. No passado, construíram uma imagem social
respeitada: eles detinham as chaves da mobilidade social e o prestígio
do saber. Hoje, há meios mais eficazes de promoção na sociedade, e o
saber (ou, ao menos, a informação) expandiu-se um pouco por toda a
parte. Os professores ressentiram-se dessa dupla perda e têm
dificuldade em reconstruir uma nova identidade profissional. São
estes, a meu ver, os dois dilemas da profissionalização dos
professores.
O século XX assistiu a um interesse sem precedentes pela educação da
infância e da juventude. O que era assunto de alguns - os professores
- passou a ser preocupação de todos. Foi uma transformação
importantíssima. Contudo, no caso do ensino, ela ajudou a fomentar a
ilusão de que as tarefas docentes podiam ser desempenhadas por
qualquer um. Definir um lugar profissional específico em um campo
socialmente tão saturado é uma missão quase impossível.
Pátio - Quais as competências necessárias a essa profissionalização?
Nóvoa - Mais do que elaborar uma "lista de competências" (conceito
controverso, aliás!), importa insistir em três pontos: primeiro, na
necessidade de uma sólida formação inicial, que dote os professores de
um bom repertório teórico e metodológico; segundo, na importância de
acompanhar os jovens professores, permitindo-lhes um tempo de
transição, de aprendizagem do ethos e das rotinas da profissão;
terceiro, no caráter decisivo de uma integração em um grupo docente
que, no quadro de projetos de escola, promova uma atitude de formação,
de reflexão e de inovação.
Pátio - Significa dar ao professor uma maior valorização dentro da
escola?
Nóvoa - Sem dúvida. Muitas vezes, centramos a nossa energia no
primeiro tempo da formação (a formação inicial) e esquecemos os outros
dois tempos. Por um lado, o tempo "curto" de transição entre a
formação e a profissão, isto é, os primeiros anos de exercício
profissional, que são, talvez, os mais decisivos na vida de um
professor. Muito do nosso futuro como professores joga-se nesse
período de contato com a realidade escolar e profissional. É aqui que
os jovens professores mais necessitam de apoio, de um acompanhamento
próximo dos colegas experientes, de um espaço de debate e de diálogo
que os ajude a se integrarem na profissão. Por outro lado, o tempo
"longo" do nosso percurso profissional, vivido dentro de escolas que
têm de ser, elas próprias, lugares de formação. É por isso que me
parece tão importante reorganizar as escolas como espaços de
aprendizagem cooperativa, onde os professores possam ir formando-se em
um diálogo e em uma reflexão com os colegas. Ninguém é professor
sozinho, isolado. A formação exige partilha. A atividade docente
necessita de dispositivos de acompanhamento.
Pátio - O professor pode ensinar e, ao mesmo tempo, ser um
pesquisador?
Nóvoa - Quando falo de acompanhamento, quero referir-me a um
acompanhamento dialógico, à inscrição na rotina profissional de
hábitos de discussão e de reflexão. Inevitavelmente, estamos falando
do "professor como pesquisador". É um debate difícil, pois está
marcado por duas resistências muito fortes. Por um lado, a crítica
daqueles que consideram que "a ciência começa onde o senso comum
acaba" e que, portanto, não aceitam a possibilidade de um pensamento
reflexivo baseado na experiência. Por outro lado, a suspeição contida
em um velho provérbio chinês - "a experiência é uma lanterna que
trazemos às costas e que apenas ilumina o caminho já percorrido" - que
chama a atenção para a dificuldade de inovar a partir da experiência.
Essas duas "resistências" têm sentido. É preciso cuidado para não
transformar a pesquisa em mera reprodução do senso comum ou da
tradição. Mas, hoje em dia, é impossível desperdiçar a experiência e,
sobretudo, a reflexão sobre a experiência.
Pátio - Qual a saída?
Nóvoa - É aqui que entra um novo conceito de pesquisa. O conhecimento
do professor depende de uma reflexão prática e deliberativa. Depende,
por um lado, de uma reelaboração da experiência a partir de uma
análise sistemática das práticas. É essa análise sistemática que
permite evitar as armadilhas de uma mera reprodução de idéias feitas.
Depende, por outro lado, de um esforço de deliberação, de escolha e de
decisão que passa por uma intencionalidade de sentidos. A reflexão e a
decisão pertencem a duas ordens distintas. E uma não conduz,
inevitavelmente, à outra. É essa intencionalidade que permite virar a
"lanterna da experiência" para frente, de forma que ilumine o presente
e o futuro, e não apenas o passado...
Pátio - O que é necessário para que isso aconteça?
Nóvoa - Nos últimos anos, vulgarizou-se o conceito de "transposição
didática" para falar do ato de ensinar. Pessoalmente, parece-me mais
adequado falar de "transposição deliberativa", uma vez que a ação do
professor depende de um trabalho de deliberação, na dupla perspectiva
da "reflexão" e da "decisão". Ora, esse trabalho de deliberação exige
uma atitude de pesquisa que tem uma dimensão individual (de reflexão
de cada um sobre a sua própria experiência) e uma dimensão coletiva
(de confronto da nossa reflexão com o olhar dos outros, em particular
dos outros colegas). O que exige, sem dúvida, condições de trabalho e
de exercício profissional que, muitas vezes, não existem nas nossas
escolas. Exige, além disso, uma ligação mais íntima entre o espaço
escolar e o espaço universitário. O que exige, por último, um esforço
de formalização e de escrita. A pesquisa passa sempre por uma prática
de escrita que ajuda à formalização de um saber específico, à sua
partilha e ao reconhecimento social de um dado grupo profissional.
Escrever é um dos modos mais eficazes de transformar a experiência em
conhecimento. Por isso, é tão importante que os professores assumam
uma palavra escrita.
Pátio - De que forma o uso de materiais multimídia na sala de aula tem
sido um dos propulsores das reformas? O professor está preparado para
trabalhar nesta sociedade da informação?
Nóvoa - Podemos dizer que, hoje em dia, ninguém está preparado para
trabalhar nesta "sociedade da informação", com um volume absurdo de
informação ao alcance de toda a gente e uma desatualização permanente
dos conhecimentos. Há dias, ouvi um conceituado cientista dizer: "Eu
sei que 50% dos conhecimentos que ensino nas minhas aulas estão
ultrapassados. O meu problema é que não sei identificar a metade que
está ultrapassada e a metade que não está".
Os trabalhos de Manuel Castells sobre a Galáxia Internet são muito
interessantes para compreender a importância de adquirir "uma
capacidade intelectual de aprender a aprender ao longo da vida,
recuperando a informação que está digitalmente armazenada e utilizando-
a para produzir conhecimento". Como ele diz, estamos diante de uma
mudança radical: "antes de começarmos a mudar a tecnologia, a
reconstruir as escolas e a voltar a formar os professores,
necessitamos de uma pedagogia nova, baseada na interatividade, na
personalização e no desenvolvimento de uma capacidade autônoma para
aprender e para pensar". Este é um dos grandes desafios do futuro para
os professores.
No entanto, não vale a pena entrarmos em uma agitação frenética e
anunciar todos os dias uma "revolução tecnológica". Fornecer os
instrumentos de cultura, desenvolver metodologias de tratamento da
informação, aprender a organizar o seu próprio trabalho ou elaborar
formas de comunicação verbal e escrita são, desde o princípio do
século XX, algumas das principais preocupações inscritas nas melhores
experiências pedagógicas. O patrimônio histórico dos professores é a
melhor garantia do seu futuro. Tudo se passa, é certo, em um novo
ambiente social e tecnológico. Mas não façamos disso um bicho-de-sete-
cabeças.
Pátio - É possível priorizar o afeto, a formação integral, quando os
professores trabalham com turmas grandes, que precisam ser
"controladas" e que devem mostrar resultados?
Nóvoa - Eu vou dizer duas coisas sobre o afeto e a formação integral
que os educadores, de um modo geral, não gostam de ouvir. Peço que
tentem ler historicamente as minhas palavras.
O afeto é um elemento central de qualquer processo de aprendizagem.
Não é possível aprender sem uma dimensão de risco, de passagem do
desconhecido para o conhecido, de esforço pessoal, de aventura. E tudo
isso necessita de um suporte afetivo, de uma rede de afetos. Porém, a
função da escola não é primordialmente afetiva. John Dewey disse isso
há muito tempo. Mais do que uma "comunidade", onde as pessoas se
escolhem e a vida coletiva é baseada em afetos, a escola deve ser uma
"sociedade", isto é, um lugar onde se aprendem as regras da vida em
comum, onde se trabalha com objetivos bem definidos, onde se procura
que cada um vá o mais longe possível no seu desenvolvimento. Philippe
Meirieu explicou-o muito bem ao falar dos "jovens em dificuldade", ao
dizer que o problema principal que eles enfrentam não é uma "ausência
de comunidade", mas sim uma "ausência de sociedade": "não conseguimos
construir com eles a possibilidade de aceder a uma relação de respeito
mútuo, de escuta mútua, de colaboração mútua em um lugar que não é,
primordialmente, um lugar afetivo, um lugar de dominação de um guru
qualquer, um lugar onde a personalidade individual se esbate no seio
de manifestações tribais coletivas".
A formação integral é, juntamente com a autonomia, o conceito-chave da
pedagogia moderna. Ninguém duvida da importância de formar a pessoa na
sua inteireza. As recentes descobertas das neurociências reconfortam-
nos na impossibilidade de separar a consciência, as emoções e o
sentimento. Pensamos com o corpo e sentimos com a inteligência. Mas a
idéia de formação integral conheceu alguns desvios totalitários, que
nos levaram a confundir a condição privada e a condição pública do
educando, acabando por tudo querer controlar. A crença na formação de
um "homem novo" situa-nos na fronteira do intolerável. E a autonomia
quantas vezes não foi além daquela anunciada por Rousseau: "O aluno só
deve fazer o que quer. Mas só deve querer o que vocês querem que ele
faça. Não deve dar um passo sem que vocês o tenham previsto. Não deve
abrir a boca sem que vocês saibam o que ele vai dizer".
Pátio - Isso coloca em xeque algumas das principais convicções
pedagógicas.
Nóvoa - É verdade. Não podemos continuar a repetir, sem um olhar
crítico, idéias que fundaram a pedagogia moderna, mas que hoje
precisam ser repensadas. E, no entanto, também eu concordo que é
preciso "colocar os afetos dentro da inteligência", também eu defendo
que "só na autonomia e pela autonomia é que se realiza uma verdadeira
educação". Todavia, precisamos ir mais longe nessa reflexão. Quanto às
"turmas grandes", mencionadas na pergunta anterior, pouco posso dizer.
É muito difícil responder a questões que se prendem à falta de
condições para uma escola de qualidade. Podemos lamentar. Podemos
dizer que há colegas que, em condições idênticas, fazem verdadeiros
milagres. Podemos explicar a necessidade de recorrer a certas técnicas
e métodos de ensino. Mas é uma conversa um pouco redonda... Temos uma
responsabilidade como educadores. Ninguém dirá que os milhares de
cientistas que dedicaram sua vida à procura de uma cura para o câncer
são todos uns incompetentes e malsucedidos. Na ciência, é possível não
ter resultados, pelo menos a curto e médio prazos. Na educação, não é.
É verdade que a aprendizagem não se decreta. E que não podemos obrigar
ninguém a aprender. Porém, essa constatação não reduz em nada a nossa
responsabilidade de ensinar. É o compromisso com a educação de todas
as crianças que nos dignifica como educadores e dá sentido à nossa
profissão.
Pátio - Do seu ponto de vista, quais os desafios para o professor do
século XXI e como enfrentá-los?
Nóvoa - Poderia responder de muitas maneiras e todas imperfeitas.
Falarei apenas de três desafios: a lucidez, a coerência e a abertura.
O professor trabalha em uma sociedade em permanente mudança,
atravessada por conflitos e dilemas difíceis de resolver. O pensamento
dicotômico não traz nenhuma solução: Educação ou instrução?
Aprendizagem ou ensino? Desenvolvimento da pessoa ou aquisição do
conhecimento? Liberdade ou autoridade? Métodos ou conteúdos? Interesse
ou esforço? O drama do professor é a impossibilidade de optar por um
ou por outro desses termos, pois o ato educativo só se completa quando
eles se encontram e se transformam em um só. O primeiro desafio do
professor é o desafio da lucidez. Ele deve possuir os instrumentos
para uma análise séria e informada, que lhe permita encontrar, em
colaboração com os seus colegas, as soluções mais adequadas para
educar todas as crianças.
As sociedades atuais têm leituras muito complexas, e os professores
são chamados a desempenhar inúmeras tarefas e missões. Por vezes,
sonhamos com uma escola calma e tranqüila, freqüentada por alunos
disciplinados e movidos por um enorme desejo de aprender. Contudo,
este é um retrato idílico da escola, o qual não corresponde de forma
alguma à realidade. Hoje, os professores necessitam não só de uma
formação bastante sólida, mas também de dispositivos de acompanhamento
e de reflexão. É isso que lhes permite responder ao desafio da
coerência, não reagindo de modo avulso à panóplia de solicitações (de
métodos novos, de técnicas, de projetos, de iniciativas, de
tecnologias, etc.), mas mantendo uma grande serenidade baseada em um
modo pessoal, único, de serem professores.
Freqüentemente, as escolas são espaços fechados ao mundo, fechados às
novas realidades sociais, fechados à ciência, à arte, à cultura. Os
professores reconfortam-se, por vezes, na imagem da escola-
recolhimento, da escola como espaço afastado do mundo onde as crianças
possam crescer como crianças. É uma imagem que também eu gosto de
partilhar. Mas ela não é contraditória com o desafio da abertura, com
a necessidade de trazer a contemporaneidade para dentro das escolas.
Em uma sociedade que se quer do conhecimento, as escolas não podem ser
"instituições fossilizadas" e têm de participar das "redes" e das
"teias" que tecem o nosso século.
Ser professor implica um corpo-a-corpo permanente com a vida dos
outros e com a nossa própria vida. Implica um esforço diário de
reflexão e de partilha. Implica acreditar na educabilidade de todas as
crianças e construir os meios pedagógicos para concretizá-la. Será por
isso que Freud lhe chamou o ofício impossível? Provavelmente. Ser
professor é o mais impossível e o mais necessário de todos os ofícios.
ofícios. Quem afirma é o educador português António Nóvoa, vice-reitor
da Universidade de Lisboa. Doutor em Educação e catedrático da
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de
Lisboa, Nóvoa preside a Associação Internacional de História da
Educação e é bastante conhecido dos professores brasileiros, que
costumam lotar suas conferências. "Ser professor implica um corpo-a-
corpo permanente com a vida dos outros e com a nossa própria vida.
Implica um esforço diário de reflexão e de partilha", diz Nóvoa nesta
entrevista, concedida à Pátio por e-mail pouco antes de vir ao Brasil
para participar do Congresso Internacional sobre Avaliação na
Educação, em Curitiba, e do II Congresso de Educação do Marista de
Salvador, ambos em julho. Ao longo da conversa, fica clara a
importância que António Nóvoa atribui à cooperação e ao intercâmbio
nas escolas para o exercício do impossível e necessário ofício de
professor. "Ninguém é professor sozinho, isolado. A formação exige
partilha. A atividade docente necessita de dispositivos de
acompanhamento", afirma. Esta e outras idéias são discutidas a seguir,
com a lucidez e a clareza que caracterizam o pensamento de António
Nóvoa.
Pátio - Estão acontecendo reformas educacionais em vários países do
mundo. Como o senhor vê essas reformas e qual a possibilidade de elas
terem efeitos duradouros em uma instituição como a escola, que é
sabidamente resistente a mudanças?
António Nóvoa - Vivemos em uma sociedade do espetáculo e do consumo. A
mídia dramatiza os debates educativos, por vezes até o limite do
insuportável, e impõe-nos idéias feitas, rankings, classificações e
hierarquias que servem aos propósitos de uma relação consumista com a
escola. Os alunos e as famílias são vistos como "clientes" que devem
proteger os seus interesses. É uma atitude legítima, pois, quando não
há um projeto coletivo coerente, prevalecem os interesses individuais.
Porém, é uma atitude que condena, a longo prazo, a concepção da
educação como um "bem comum". Muitas reformas educacionais atuais são
portadoras dessa "educação bancária", uma nova versão daquela que há
tempos foi denunciada por Paulo Freire. Agora, não é tanto a relação
professor-aluno que está em causa, mas sim a relação escola-família.
Na minha opinião, é bom resistir a essas mudanças.Temos tendência para
encarar a mudança como um "valor positivo". Infelizmente, muitas vezes
muda-se para pior! A educação exige grande serenidade e bom senso. Não
podemos correr atrás da primeira moda!
Pátio - O que lhe parece que seria necessário em uma "mudança para
melhor"?
Nóvoa - São três os aspectos que me parecem centrais na refundação da
escola: uma nova organização do trabalho escolar, uma nova relação com
o espaço cultural e uma nova concepção do conhecimento. Quero referir-
me, em primeiro lugar, à necessidade de adotarmos formas inovadoras de
trabalho, quebrando a rigidez tradicional do "modelo escolar" e
desenvolvendo práticas de diferenciação pedagógica, de redefinição dos
espaços e tempos letivos, de gestão integrada dos ciclos de
aprendizagem, de reconceitualização do currículo. Em segundo lugar,
quero salientar a importância de repensar o lugar da escola, já não
como um "templo do saber", recolhido e isolado da sociedade, mas como
uma "peça" (uma peça importante, mas apenas uma peça!) de um espaço
cultural habitado por saberes e instituições que devem tomar parte
ativa no esforço de educar e de formar. Por último, quero chamar a
atenção para a urgência de romper com concepções excessivamente
"clássicas" do conhecimento, abrindo o currículo à contemporaneidade
(cultural, artística, científica, tecnológica) e favorecendo a
reflexão crítica sobre o próprio saber.
Nada disso é novo. Há muito que sabemos o que é preciso fazer. Agora,
é preciso ter a coragem de fazer. Não é uma questão de boas intenções.
É uma questão de vontade e de competência.
Pátio - Hoje em dia, fala-se muito em profissionalização dos
professores. O que é preciso para se efetivar realmente essa
profissionalização?
Nóvoa - Os professores estão na mira de todos os discursos. São o alvo
mais fácil a abater. No passado, construíram uma imagem social
respeitada: eles detinham as chaves da mobilidade social e o prestígio
do saber. Hoje, há meios mais eficazes de promoção na sociedade, e o
saber (ou, ao menos, a informação) expandiu-se um pouco por toda a
parte. Os professores ressentiram-se dessa dupla perda e têm
dificuldade em reconstruir uma nova identidade profissional. São
estes, a meu ver, os dois dilemas da profissionalização dos
professores.
O século XX assistiu a um interesse sem precedentes pela educação da
infância e da juventude. O que era assunto de alguns - os professores
- passou a ser preocupação de todos. Foi uma transformação
importantíssima. Contudo, no caso do ensino, ela ajudou a fomentar a
ilusão de que as tarefas docentes podiam ser desempenhadas por
qualquer um. Definir um lugar profissional específico em um campo
socialmente tão saturado é uma missão quase impossível.
Pátio - Quais as competências necessárias a essa profissionalização?
Nóvoa - Mais do que elaborar uma "lista de competências" (conceito
controverso, aliás!), importa insistir em três pontos: primeiro, na
necessidade de uma sólida formação inicial, que dote os professores de
um bom repertório teórico e metodológico; segundo, na importância de
acompanhar os jovens professores, permitindo-lhes um tempo de
transição, de aprendizagem do ethos e das rotinas da profissão;
terceiro, no caráter decisivo de uma integração em um grupo docente
que, no quadro de projetos de escola, promova uma atitude de formação,
de reflexão e de inovação.
Pátio - Significa dar ao professor uma maior valorização dentro da
escola?
Nóvoa - Sem dúvida. Muitas vezes, centramos a nossa energia no
primeiro tempo da formação (a formação inicial) e esquecemos os outros
dois tempos. Por um lado, o tempo "curto" de transição entre a
formação e a profissão, isto é, os primeiros anos de exercício
profissional, que são, talvez, os mais decisivos na vida de um
professor. Muito do nosso futuro como professores joga-se nesse
período de contato com a realidade escolar e profissional. É aqui que
os jovens professores mais necessitam de apoio, de um acompanhamento
próximo dos colegas experientes, de um espaço de debate e de diálogo
que os ajude a se integrarem na profissão. Por outro lado, o tempo
"longo" do nosso percurso profissional, vivido dentro de escolas que
têm de ser, elas próprias, lugares de formação. É por isso que me
parece tão importante reorganizar as escolas como espaços de
aprendizagem cooperativa, onde os professores possam ir formando-se em
um diálogo e em uma reflexão com os colegas. Ninguém é professor
sozinho, isolado. A formação exige partilha. A atividade docente
necessita de dispositivos de acompanhamento.
Pátio - O professor pode ensinar e, ao mesmo tempo, ser um
pesquisador?
Nóvoa - Quando falo de acompanhamento, quero referir-me a um
acompanhamento dialógico, à inscrição na rotina profissional de
hábitos de discussão e de reflexão. Inevitavelmente, estamos falando
do "professor como pesquisador". É um debate difícil, pois está
marcado por duas resistências muito fortes. Por um lado, a crítica
daqueles que consideram que "a ciência começa onde o senso comum
acaba" e que, portanto, não aceitam a possibilidade de um pensamento
reflexivo baseado na experiência. Por outro lado, a suspeição contida
em um velho provérbio chinês - "a experiência é uma lanterna que
trazemos às costas e que apenas ilumina o caminho já percorrido" - que
chama a atenção para a dificuldade de inovar a partir da experiência.
Essas duas "resistências" têm sentido. É preciso cuidado para não
transformar a pesquisa em mera reprodução do senso comum ou da
tradição. Mas, hoje em dia, é impossível desperdiçar a experiência e,
sobretudo, a reflexão sobre a experiência.
Pátio - Qual a saída?
Nóvoa - É aqui que entra um novo conceito de pesquisa. O conhecimento
do professor depende de uma reflexão prática e deliberativa. Depende,
por um lado, de uma reelaboração da experiência a partir de uma
análise sistemática das práticas. É essa análise sistemática que
permite evitar as armadilhas de uma mera reprodução de idéias feitas.
Depende, por outro lado, de um esforço de deliberação, de escolha e de
decisão que passa por uma intencionalidade de sentidos. A reflexão e a
decisão pertencem a duas ordens distintas. E uma não conduz,
inevitavelmente, à outra. É essa intencionalidade que permite virar a
"lanterna da experiência" para frente, de forma que ilumine o presente
e o futuro, e não apenas o passado...
Pátio - O que é necessário para que isso aconteça?
Nóvoa - Nos últimos anos, vulgarizou-se o conceito de "transposição
didática" para falar do ato de ensinar. Pessoalmente, parece-me mais
adequado falar de "transposição deliberativa", uma vez que a ação do
professor depende de um trabalho de deliberação, na dupla perspectiva
da "reflexão" e da "decisão". Ora, esse trabalho de deliberação exige
uma atitude de pesquisa que tem uma dimensão individual (de reflexão
de cada um sobre a sua própria experiência) e uma dimensão coletiva
(de confronto da nossa reflexão com o olhar dos outros, em particular
dos outros colegas). O que exige, sem dúvida, condições de trabalho e
de exercício profissional que, muitas vezes, não existem nas nossas
escolas. Exige, além disso, uma ligação mais íntima entre o espaço
escolar e o espaço universitário. O que exige, por último, um esforço
de formalização e de escrita. A pesquisa passa sempre por uma prática
de escrita que ajuda à formalização de um saber específico, à sua
partilha e ao reconhecimento social de um dado grupo profissional.
Escrever é um dos modos mais eficazes de transformar a experiência em
conhecimento. Por isso, é tão importante que os professores assumam
uma palavra escrita.
Pátio - De que forma o uso de materiais multimídia na sala de aula tem
sido um dos propulsores das reformas? O professor está preparado para
trabalhar nesta sociedade da informação?
Nóvoa - Podemos dizer que, hoje em dia, ninguém está preparado para
trabalhar nesta "sociedade da informação", com um volume absurdo de
informação ao alcance de toda a gente e uma desatualização permanente
dos conhecimentos. Há dias, ouvi um conceituado cientista dizer: "Eu
sei que 50% dos conhecimentos que ensino nas minhas aulas estão
ultrapassados. O meu problema é que não sei identificar a metade que
está ultrapassada e a metade que não está".
Os trabalhos de Manuel Castells sobre a Galáxia Internet são muito
interessantes para compreender a importância de adquirir "uma
capacidade intelectual de aprender a aprender ao longo da vida,
recuperando a informação que está digitalmente armazenada e utilizando-
a para produzir conhecimento". Como ele diz, estamos diante de uma
mudança radical: "antes de começarmos a mudar a tecnologia, a
reconstruir as escolas e a voltar a formar os professores,
necessitamos de uma pedagogia nova, baseada na interatividade, na
personalização e no desenvolvimento de uma capacidade autônoma para
aprender e para pensar". Este é um dos grandes desafios do futuro para
os professores.
No entanto, não vale a pena entrarmos em uma agitação frenética e
anunciar todos os dias uma "revolução tecnológica". Fornecer os
instrumentos de cultura, desenvolver metodologias de tratamento da
informação, aprender a organizar o seu próprio trabalho ou elaborar
formas de comunicação verbal e escrita são, desde o princípio do
século XX, algumas das principais preocupações inscritas nas melhores
experiências pedagógicas. O patrimônio histórico dos professores é a
melhor garantia do seu futuro. Tudo se passa, é certo, em um novo
ambiente social e tecnológico. Mas não façamos disso um bicho-de-sete-
cabeças.
Pátio - É possível priorizar o afeto, a formação integral, quando os
professores trabalham com turmas grandes, que precisam ser
"controladas" e que devem mostrar resultados?
Nóvoa - Eu vou dizer duas coisas sobre o afeto e a formação integral
que os educadores, de um modo geral, não gostam de ouvir. Peço que
tentem ler historicamente as minhas palavras.
O afeto é um elemento central de qualquer processo de aprendizagem.
Não é possível aprender sem uma dimensão de risco, de passagem do
desconhecido para o conhecido, de esforço pessoal, de aventura. E tudo
isso necessita de um suporte afetivo, de uma rede de afetos. Porém, a
função da escola não é primordialmente afetiva. John Dewey disse isso
há muito tempo. Mais do que uma "comunidade", onde as pessoas se
escolhem e a vida coletiva é baseada em afetos, a escola deve ser uma
"sociedade", isto é, um lugar onde se aprendem as regras da vida em
comum, onde se trabalha com objetivos bem definidos, onde se procura
que cada um vá o mais longe possível no seu desenvolvimento. Philippe
Meirieu explicou-o muito bem ao falar dos "jovens em dificuldade", ao
dizer que o problema principal que eles enfrentam não é uma "ausência
de comunidade", mas sim uma "ausência de sociedade": "não conseguimos
construir com eles a possibilidade de aceder a uma relação de respeito
mútuo, de escuta mútua, de colaboração mútua em um lugar que não é,
primordialmente, um lugar afetivo, um lugar de dominação de um guru
qualquer, um lugar onde a personalidade individual se esbate no seio
de manifestações tribais coletivas".
A formação integral é, juntamente com a autonomia, o conceito-chave da
pedagogia moderna. Ninguém duvida da importância de formar a pessoa na
sua inteireza. As recentes descobertas das neurociências reconfortam-
nos na impossibilidade de separar a consciência, as emoções e o
sentimento. Pensamos com o corpo e sentimos com a inteligência. Mas a
idéia de formação integral conheceu alguns desvios totalitários, que
nos levaram a confundir a condição privada e a condição pública do
educando, acabando por tudo querer controlar. A crença na formação de
um "homem novo" situa-nos na fronteira do intolerável. E a autonomia
quantas vezes não foi além daquela anunciada por Rousseau: "O aluno só
deve fazer o que quer. Mas só deve querer o que vocês querem que ele
faça. Não deve dar um passo sem que vocês o tenham previsto. Não deve
abrir a boca sem que vocês saibam o que ele vai dizer".
Pátio - Isso coloca em xeque algumas das principais convicções
pedagógicas.
Nóvoa - É verdade. Não podemos continuar a repetir, sem um olhar
crítico, idéias que fundaram a pedagogia moderna, mas que hoje
precisam ser repensadas. E, no entanto, também eu concordo que é
preciso "colocar os afetos dentro da inteligência", também eu defendo
que "só na autonomia e pela autonomia é que se realiza uma verdadeira
educação". Todavia, precisamos ir mais longe nessa reflexão. Quanto às
"turmas grandes", mencionadas na pergunta anterior, pouco posso dizer.
É muito difícil responder a questões que se prendem à falta de
condições para uma escola de qualidade. Podemos lamentar. Podemos
dizer que há colegas que, em condições idênticas, fazem verdadeiros
milagres. Podemos explicar a necessidade de recorrer a certas técnicas
e métodos de ensino. Mas é uma conversa um pouco redonda... Temos uma
responsabilidade como educadores. Ninguém dirá que os milhares de
cientistas que dedicaram sua vida à procura de uma cura para o câncer
são todos uns incompetentes e malsucedidos. Na ciência, é possível não
ter resultados, pelo menos a curto e médio prazos. Na educação, não é.
É verdade que a aprendizagem não se decreta. E que não podemos obrigar
ninguém a aprender. Porém, essa constatação não reduz em nada a nossa
responsabilidade de ensinar. É o compromisso com a educação de todas
as crianças que nos dignifica como educadores e dá sentido à nossa
profissão.
Pátio - Do seu ponto de vista, quais os desafios para o professor do
século XXI e como enfrentá-los?
Nóvoa - Poderia responder de muitas maneiras e todas imperfeitas.
Falarei apenas de três desafios: a lucidez, a coerência e a abertura.
O professor trabalha em uma sociedade em permanente mudança,
atravessada por conflitos e dilemas difíceis de resolver. O pensamento
dicotômico não traz nenhuma solução: Educação ou instrução?
Aprendizagem ou ensino? Desenvolvimento da pessoa ou aquisição do
conhecimento? Liberdade ou autoridade? Métodos ou conteúdos? Interesse
ou esforço? O drama do professor é a impossibilidade de optar por um
ou por outro desses termos, pois o ato educativo só se completa quando
eles se encontram e se transformam em um só. O primeiro desafio do
professor é o desafio da lucidez. Ele deve possuir os instrumentos
para uma análise séria e informada, que lhe permita encontrar, em
colaboração com os seus colegas, as soluções mais adequadas para
educar todas as crianças.
As sociedades atuais têm leituras muito complexas, e os professores
são chamados a desempenhar inúmeras tarefas e missões. Por vezes,
sonhamos com uma escola calma e tranqüila, freqüentada por alunos
disciplinados e movidos por um enorme desejo de aprender. Contudo,
este é um retrato idílico da escola, o qual não corresponde de forma
alguma à realidade. Hoje, os professores necessitam não só de uma
formação bastante sólida, mas também de dispositivos de acompanhamento
e de reflexão. É isso que lhes permite responder ao desafio da
coerência, não reagindo de modo avulso à panóplia de solicitações (de
métodos novos, de técnicas, de projetos, de iniciativas, de
tecnologias, etc.), mas mantendo uma grande serenidade baseada em um
modo pessoal, único, de serem professores.
Freqüentemente, as escolas são espaços fechados ao mundo, fechados às
novas realidades sociais, fechados à ciência, à arte, à cultura. Os
professores reconfortam-se, por vezes, na imagem da escola-
recolhimento, da escola como espaço afastado do mundo onde as crianças
possam crescer como crianças. É uma imagem que também eu gosto de
partilhar. Mas ela não é contraditória com o desafio da abertura, com
a necessidade de trazer a contemporaneidade para dentro das escolas.
Em uma sociedade que se quer do conhecimento, as escolas não podem ser
"instituições fossilizadas" e têm de participar das "redes" e das
"teias" que tecem o nosso século.
Ser professor implica um corpo-a-corpo permanente com a vida dos
outros e com a nossa própria vida. Implica um esforço diário de
reflexão e de partilha. Implica acreditar na educabilidade de todas as
crianças e construir os meios pedagógicos para concretizá-la. Será por
isso que Freud lhe chamou o ofício impossível? Provavelmente. Ser
professor é o mais impossível e o mais necessário de todos os ofícios.
Pessoal! O que postei sobre a entrevista com o educador português António Nóvoa é de suma importância para que percebamos nossas responsabilidades como educadores. É preciso inovar e isso está claro no texto.
ResponderExcluirRecebi essa entrevista da professora e fonoaudióloga Robianca (que eu adoro e com a qual aprendo muito)em um curso que trata da Fonoaudiologia e do Letramento.
Espero que gostem!
Abraços,
Magali
Adorei Magali!!!
ResponderExcluirAssunto bem diferente dos que eu já tinha visto... muito bom!! :D
Magali,
ResponderExcluirmuito interessante a entrevista do Nóvoa, principalmente quando ele fala sobre os aspectos centrais da refundação da
escola: uma nova organização do trabalho escolar, uma nova relação com o espaço cultural e uma nova concepção do conhecimento. Esse curso EAD e o nosso projeto vem ao encontro do que Novóa fala, pois nossas reflexões também são sobre a necessidade de adotarmos formas inovadoras de trabalho quebrando a rigidez tradicional do "modelo escolar", através do desenvolvimento e práticas diferenciadas de ensino. O repensar o lugar da escola como único "templo do saber" também é uma necessidade da instituição escolar e porque não com a participação dos alunos. E por último o rompimento com as concepções excessivamente
"clássicas" do conhecimento. É preciso estarmos abertos e preparados para as novas mudanças que acontecerão, pois somente dessa maneira seremos capazes de formar e ajudar na produçao de conhecimentos que nossos alunos serão capazes de construir.