sábado, 16 de outubro de 2010

Aspectos Gerenciais e de Gestão

3.1 Tecendo Saberes na Rede: O Moodle como espaço significativo de Leitura e de Escrita

Vivemos um momento na educação nacional em que a figura do professor anda desgastada. O processo de ensino-aprendizagem pelo qual passam aluno e professor está defasado pela falta de recursos nas escolas. O governo ainda faz muito pouco pelo que deveria vir em primeiro lugar nas questões relacionadas ao desenvolvimento do país: a educação.
Entretanto, nosso trabalho não visa tratar de questões políticas, já que é evidente que o problema vem de longa data e precisa ser muito discutido.
Pretendemos, através de nosso projeto, ajudar o professor nas questões didáticas e, também, no fornecimento de subsídios para que este possa aprimorar seus conhecimentos e redefinir suas práticas de ensino.

Antes de partirmos para o objetivo de nosso trabalho, precisa-se entende melhor o significado das palavras aprender e ensinar.
Para o aprendiz há uma necessidade de resolver algum problema, ou procurar por respostas que despertaram a sua curiosidade em relação a algum determinado assunto. Para tanto, ele precisa ser motivado. O motivador, no caso, será o professor. O docente não pode fornecer as respostas para as dúvidas de seus alunos, ele precisa incentivá-lo a procurar por elas. Então, o professor passa a ser o mediador entre o aluno e o conhecimento. E a busca pelo conhecimento é gratificante tanto para o aluno quanto para o professor.

O aluno passa a ter uma necessidade e um objetivo. O educador irá ajudá-lo, preparando-o, através de leituras, questionamentos, indicações. Ou seja, o mestre irá indicar o caminho para auxiliar seu aluno, sem com isso, interferir na caminhada.

O aluno interessado na resolução de seu problema deverá fazer testes, pesquisas, tentativas. O mediador irá acompanhá-lo de perto, no caso de o aprendiz necessitar de sua ajuda. Se o resultado for positivo, o aluno continuará na jornada pelo conhecimento, fará novos testes, buscará por outras respostas para novas dúvidas. Se o resultado for negativo e o aluno, apesar do companheirismo do professor, desistir das respostas estará desistindo, na verdade, de construir e conhecer um novo mundo com novas possibilidades.

Nesse processo de ensino- aprendizagem, o mediador será o elemento principal, pois precisa saber preparar o aluno para lidar com sucessos e fracassos, tendo em vista que, nem sempre ganhamos e nem sempre perdemos. O resultado do esforço, do empenho de cada aluno dependerá de quanto ele insistir em fazer dar certo.

A recompensa do aluno é o próprio ato de aprender, de entender, de conhecer algo novo. Um bom professor sabe que, quando um aluno conhece algo novo, aprende várias coisas importantes, tais como: um novo conhecimento (fixado na memória); uma melhor operação mental e motora; uma confiança em sua própria capacidade de aprender, de realizar suas necessidades e uma maneira de lidar e controlar suas emoções para que elas contribuam para a sua aprendizagem.

(...) a aprendizagem é um processo integrado no qual toda a pessoa (intelecto, afetividade, sistema muscular) se mobiliza de maneira orgânica. Em outras palavras, a aprendizagem é um processo qualitativo, pelo qual a pessoa fica melhor preparada para novas aprendizagens. Não se trata, pois, de um aumento quantitativo de conhecimentos mas de uma transformação estrutural da inteligência da pessoa (...) (Gadotti, 2005, p. 25)


O ato de ensinar não é, como já foi dito anteriormente, o simples fato de dar as respostas prontas para o aluno, tampouco o de repassar conteúdo. O professor, detentor de um conhecimento elevado (afinal, estudou, se esforçou para isso) tem o material didático preparado para dar a sua aula, para instruir. Contudo, o fator determinante no processo de aprendizagem é a sua relação com o aluno.

Além de dominar o conteúdo a ser ensinado, o docente precisa estimular seu aluno, através de metodologias que os aproximem. Quando há uma boa relação professor-aluno o ato de aprender é muito mais fácil. Pois, sendo amigo do aprendiz, elogiando seus progressos, estimulando sua curiosidade e a busca pelas respostas, o professor construirá junto com seu aluno um novo conhecimento, não haverá, portanto, o simples repasse de conteúdo e, sim, o conhecimento em toda a sua plenitude.
Quando o aluno tem voz em sala de aula, sente-se motivado a falar sobre o que lhe interessa saber, ou compartilhar o que já sabe com seus colegas e educador. E, assim sendo, todos se sentirão à vontade para questionar, comentar, debater ou refutar novas ideias. O conhecimento é um processo coletivo.

Após entendermos melhor o real significado de ensinar e aprender precisamos salientar que, para tanto, o professor precisa estar muito bem preparado para ajudar seu aluno.

A padronização do conhecimento nas escolas nada mais é do que um limitar da autonomia do professor. Como o docente realizará um trabalho mais aprimorado, levando novas alternativas para que os alunos desenvolvam melhor suas habilidades se a escola o impede de inovar sua prática docente? Não há como melhorar a qualidade do ensino no país se o professor não tiver autonomia para trabalhar o aprendizado com seus alunos. E mais, o livro didático já foi muito criticado e debatido, mas permanece como forte instrumento de ensino nas escolas, vindo diretamente do governo, que determina o que deverá ser trabalhado em cada área (matemática, português, ciências, história...).

Não cabe a análise do livro didático na proposta de nosso projeto, mas vale lembrar que o tema deve ser levantado pelas escolas de maneira mais séria, avaliando até que ponto um produto pronto é válido para nossos alunos.

O que pretendemos, de fato, é auxiliar o professor com uma nova ferramenta de ensino para que possa trabalhar com mais autonomia utilizando-se dos saberes que o aluno traz de casa. As vivências, as experiências de cada um são importantes na construção de um laço de amizade e compreensão mútua entre aluno e professor. Partindo daí, o professor, deverá trabalhar sua auto-estima, promover um ambiente agradável em que todos se respeitem e compartilhem informações.

Como os alunos lêem cada vez mais pela internet, pretendemos criar uma plataforma on-line em que a abordagem de ensino seja construtivista (aprender sobre o universo físico e sobre o universo social).
Já existem plataformas on-line que ganham, a cada dia, importante destaque para o futuro do ensino. No entanto, o professor precisará aprender a se envolver, a conduzir o processo de ensino-aprendizagem nesses ambientes virtuais de aprendizagem para que possa lidar com essa geração NET.
Esses ambientes virtuais são conhecidos como AVA e MOODLE: são espaços/alternativas viáveis para abrir caminhos para sujeitos interagirem ressignificando as atividades de linguagem. Também são conhecidos como sendo o campo do possível, onde o sujeito-aluno organiza e expressa o seu pensamento, refletindo sua visão do mundo.

Nesses espaços virtuais, o sujeito leitor-autor conhece novas possibilidades técnicas e novos valores socioculturais, já que está em constante interação com demais colegas e com seu professor-mediador.

O Moodle foi desenvolvido para distribuição livre, visando à produção de cursos on-line com qualidade, sob o controle e organização do professor. O que vale destacar é que o Moodle está sempre em processo de mudança, de reconstrução para que possa atender melhor às demandas de um ensino-aprendizagem onde a palavra chave é a interatividade.

No entanto, o sucesso desse ambiente virtual depende do projeto-pedagógico-comunicacional do professor-mediador, sendo esse configurado com base numa abordagem pedagógica. É importante que o Moodle se efetive como um espaço de reflexão crítica, colaboração e integração entre os membros da comunidade virtual.

Através das chamadas interfaces: fórum, “chat”, diário, “wiki”, o Moodle poderá promover, entre os sujeitos que nele vivenciam a leitura e a escrita, um novo modo de experimentar essas práticas sugerindo continuidade.
Leitura e escrita: práticas sociointerativas. O Moodle amplifica essas práticas sendo um espaço de escrita individual ou coletiva, na qual professores e alunos têm a oportunidade de discutir, relacionar, construir, pesquisar, construir trajetórias de aprendizagem. Há o diálogo que promove a descoberta de si, do outro e do mundo em que vivem. Predominam a confiança, o respeito, a ausência de dominação, a inter-relação e o compartilhar de saberes.

A interface “chat” do Moodle comporta inúmeras formas de dizer/escrever; é viabilizadora de produção de sentidos: “costura” novos modos de escrever/ler/tecer. Os sujeitos participantes revelam as necessidades de “dizer”, os saberes, desejos e valores. O que ainda não ocorre no espaço convencional da escola. É o aluno trazendo as marcas de suas histórias de vida para compartilhar com o outro.

A interface “diário” é um espaço de produção textual onde a escrita é individual e a leitura desta é restrita ao professor e aos sujeitos-autores.

Nas interfaces “fórum” e “wiki” os envolvidos estabelecem conexões relevantes. Através dessas interfaces os alunos podem navegar, se comunicar, questionar, sendo o professor o mediador.

O Moodle cria caminhos pra a autonomia do aluno, transformando a educação de produção/reprodução para processo/criatividade.

O Moodle fomentou a escrita coletiva, fazendo com que as relações de aprendizagem se apresentassem nesse ambiente como processos sociais mais amplos, onde às práticas sociais em que a leitura e a escrita não são neutras, mas são responsáveis por reforçar ou questionar valores, tradições e padrões de poder presentes no contexto social.

Conhecendo melhor essas plataformas de ensino à distância, abre-se um leque de novas possibilidades de ensino tanto para professores quanto para alunos. Com os cursos disponibilizados on-line os educadores podem se aperfeiçoar na carreira docente e o aluno, conhecendo e interagindo com outros, pode tornar-se um cidadão mais pensante e atuante, contribuindo para uma sociedade justa, onde possa se fazer ouvir.


PS: usei outros textos, tais como: Aprendizes do futuro: as inovações começaram (disponibilizado no desafio 2) e Estratégias de Ensino-Aprendizagem, de Juan Diaz Bordenave e Adair Martins pereira. Editora Vozes. Petrópolis. 2005.

2 comentários:

  1. Parabéns Magali, teu texto mais uma vez no faz refletir sobre o papel do professor na formação acadêmica do aluno e por que não dizer na sua participaçao na formação do aluno como cidadão. A web abre as portas para a reeinvenção do professor como docente sempre em formação. Através dela o professor pode deixar de ser uma mero transmissor de informações para junto com o aluno produzir conhecimento, compartilhando e aceitando a bagagem que o aluno já possui. É um novo momento em que o professor deixa o convencional para junto com o aluno explorar e aprender um novo metódo de aprendizagem.

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  2. Adorei Magali!
    Concordo com a Ângela em tudo que comentou... ótima abordagem!

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